sexta-feira, julho 07, 2006

O radão

Por considerar do maior interesse transcrevo parcialmente do Diário dos Açores

“O facto é que nos Açores morre-se mais por cancro que a nível nacional – algo aparentemente incoerente com a ideia de natureza mais ou menos pura que proclamamos. É verdade que as causas podem residir em determinados hábitos de consumo (com destaque para o tabaco e o álcool), na falta de controlo sobre a cadeia alimentar (a maioria dos produtos são importados e os regionais não são controlados) ou até na humidade (que mantém os níveis de poluição dos carros muito próximos do chão). Mas o facto é que adicionalmente pode ter a ver com o radão.

Convém olhar para o que outros fazem. E quando o fazemos, a dúvida sobre se não nos estamos a preparar para realizar estudos que outros já fizeram é inevitável. Nos EUA, em 2005 o responsável máximo pela Saúde no país (Surgeon General) emitiu um alerta sobre o risco para a saúde de haver radão dentro das casas. Nesse documento, os americanos eram instados a medir os níveis nas suas habitações, afirmando a urgência de remediar o problema rapidamente quando os níveis fossem superiores a 4 pCi/L (uma unidade de medida específica que é “picoCuries por litro de ar”). A razão do alarme: mais de 20 mil americanos morrem por ano de cancro do pulmão relacionado com o radão.

É por isso questionável até que ponto essa relação terá de ser de novo estabelecida nos Açores, se tanto os europeus como os norte-americanos já o fizeram. O que falta fazer é desde logo a aplicação de uma política concreta de protecção dos cidadãos que passe por um levantamento dos níveis de radão no maior número de locais – uma espécie de mapa –, pelas medições dentro de habitações e empresas, a explicação aos proprietários de como resolver o problema e a introdução na construção civil dos meios para isolar as habitações desse gás.”

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